terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Como já referido numa publicação anterior a Kombucha é uma bebida fermentada à base de Chá preto, embora possa ser feita com outros chás (verde, branco...)

Geralmente a Kombucha (a colónia de bactérias e leveduras ou SCOBY) partilha-se de pessoa para pessoa e vem com aquilo a que se chama a cultura mãe (liquido residual e restante da fermentação anterior). Esta base é fundamental para se iniciar uma nova fermentação.

Tendo esta base, partimos então para a primeira etapa de preparação, o Chá. Para termos uma ideia da quantidade de chá a fazer devemos olhar para a cultura mãe. Esta deve corresponder a 1/3 do total final, por isso devemos fazer os restantes 2/3 de Chá.
Pode utilizar-se um Chá preto a gosto, de preferência de origem biológica (Gorreana dos Açores é uma boa escolha). Eu pessoalmente costumo fazer com um de mistura da Marriage fréres, marca que conseguimos já encontrar à venda no Continente ou em lojas especializadas.

Após fazer o Chá é fundamental deixar o Chá arrefecer, antes de o adicionar à Kombucha. Quando este estiver tépido ou frio podemos adicioná-lo à cultura mãe e passamos à fase seguinte.

Após juntar o Chá preto à cultura mãe, com a SCOBY no seu interior, é necessário colocar a matéria prima para que haja fermentação, o açúcar. Normalmente usa-se açúcar amarelo, em quantidades variáveis, embora o recomendável sejam 80 gramas de açúcar por litro de chá. Após adicionarmos o chá e o açúcar guardamos a preparação num frasco tapado com um pano e num local escuro e temperado. Passamos ao período da fermentação.


Nesta última fase é importante ir vigiando a fermentação para nos certificamos que esta não é contaminada por fungos oportunistas (manifestam-se geralmente sob a forma de bolores, pompons brancos, manchas na SCOBY). No caso da fermentação ser contaminada deve-se deitar todo o líquido fora e lavar a SCOBY com vinagre, guardando-a no mesmo.

A fermentação dura cerca de 3 semanas, embora a possamos prolongar ou até mesmo anticipar, em função das temperaturas existentes (calor acelera, frio atrasa ou inibe) ou gosto pessoal (muito fermentado mais gás e mais ácido, menos fermentado mais doce e menos gasoso.

O resultado final é uma bebida gaseificada ligeiramente ácida e com aroma do Chá introduzido.


É ainda possível fazerem-se segundas fermentações para enriquecer o aroma da Kombucha. Esta questão será abordada numa publicação diferente
História

Kombucha é uma colónia de fungos e bactérias que se assemelha a uma bolacha fina de textura semelhante à borracha.  Originária da Àsia por volta do ano 212 a.c. 
Esta colónia é utilizada na fermentação de chá, normalmente chá preto. O chá fermentado adquire o nome Kombucha. 

A Kombucha era conhecida como o remédio da imortalidade ou chá da imortalidade. Pensando-se que terá tido origem na China, com o desenrolar do comercio, rapidamente se espalhou pela Rússia e Índia, também para o Japão mas por razões bélicas. Mais tarde apareceu também na Alemanha, e na altura da segunda guerra mundial a Kombucha espalhou-se por praticamente toda a Europa.

Durante vários séculos os camponeses russos da região de Moscovo, faziam um chá a partir de um cogumelo de bétula. O seu propósito era a cura do cancro. Por isso pensa-se que a Kombucha tem também alguma relação com o cogumelo de bétula e a sua origem na Rússia.

Independentemente da sua origem, hoje a Kombucha é popular em todo o mundo. No séc. XVIII era conhecida na Rússia como Cajnyj Kvas na China como Cha Gu (茶菌), na Alemenha como Heldenpilz.

Durante todo este tempo, muitas foram as histórias documentadas sobre os efeitos desta bebida fermentada. Diz-se que a Kombucha fez verdadeiros milagres e daí também ser conhecida como o fungo do milagre, o fungo mágico, o elixir da vida ou o chá da gouta.


Após este breve apanhado da História é importante contribuir com alguns factos modernos para corroborar a sua importância na nossa alimentação e na nossa saúde.

Nos dias que correm a nossa alimentação carece de qualidade, nem tanto pela escolha do alimento que depende de nós e por isso do nosso conhecimento sobre o mesmo, mas sim a qualidade do alimento em si. A Revolução Industrial trouxe consigo o aumento significativo de produção, uma vez que contagiou a agricultura, esta começou também a produzir em muito maior quantidade. Mas tudo tem um preço...
Produzir muito e depressa é contra os próprios princípios da natureza, pois perverte o equilíbrio natural. Uma das consequências foi o aumento de pragas em monoculturas, o enfraquecimento dos solos, etc. Mais tarde vieram pesticidas e adubos químicos para controlar as pragas e o crescimento... Já todos conhecemos mais ou menos a história. No final, temos um produto que é pobre do ponto de vista nutritivo e que para além disso, contém muitas vezes químicos nocivos ao nosso organismo. 

Mas há mais! Os alimentos frescos que consumimos são todos "limpinhos" (quanto mais não seja por fora), pasteurizados para que não haja problemas de saúde pública. Temos na realidade uma alimentação pobre e ausente de bactérias que nos são muito imprortantes à saúde.

Referi tudo isto acima porque a Kombucha, por ser um chá fermentado, é um tesouro bacteriano para o nosso sistema digestivo. Talvez por isso tenha sido associado a tantos milagres.
 A partir do momento em que a nossa flora intestinal está restabelecida e forte, o nosso sistema imunitário aumenta, a digestão melhora e a absorção e mais selectiva. Tudo isto com uma coisa simples.... a Kombucha

Ainda não se conseguiu definir todos os fungos e bactérias existentes na Kombucha até porque, por ser um organismo vivo, há muita variação quer em número como em familias. De qualquer forma irei elaborar uma pequena lista já a seguir;

  • Fungos - Fungos da família Brettanomyces, Zygosaccharomyces, Apiculatus, Candida (note-se que existem muitas variedades de cândida e algumas delas são inclusivé muito importantes para o equilíbrio da nossa flora intestinal) e Saccharomyces
  • Bactérias - Bacterium gluconicum, Acetobacter xylinum, Acetobacter xylinoides Acetobacter Ketogenum
No processo de fermentação as bactérias e fungos produzem muitos subprodutos como consequência da degradação do açúcar;
  • Ácido Acético
  • Ácido Acetoacético
  • Ácido Benzóico
  • Propenyl éster
  • Benzonitrilo
  • Ácido Butanóico
  • Caffeina
  • Ácido Citrico
  • Cyanocobalamina (Vitamina B12)
  • Ácido Decanóico
  • Ethyl Acetato
  • Frutose
  • Ácido d-Glucónico
  • Glucose
  • Ácido Hexanóico
  • Ácido Itacónico
  • Ácido 2-Keto-glucónico
  • Ácido 5-Keto-glucónico
  • Ácido Láctico 2-Keto-3-deoxy-gluconico
  • Niacinamida
  • Ácido Nicotínico
  • Ácido Pantoténico (vitamina B5)
  • Phenethyl Alcoól
  • Fenol, 4-ethyl
  • 6-Phospho gluconato
  • Ácido Propionico
  • Ácido Octanóico
  • Ácido  Oxálico
  • Riboflavina (Vitamina B2)
  • Ácido d-Saccharico
    (Ácido Glucárico)
  • Ácido Succinico
  • Thiamina
  • mais outros 40 ácidos ésteres em pequenas quantidades
Podemos então concluir a riqueza desta bebida, já para não falar de todas as propriedades relacionadas com o chá preto.

A Kombucha é uma bebida a ter em casa e a consumir diariamente...


Desta vez algo de mais simples...
Embora no Hotel abundassem escolhas, muitas não eram para mim. Estar na Turquia, Marrocos, China ou Africa do Sul, um Hotel é sempre um Hotel. Isto quer dizer, comida internacional!

Por isso neste Hotel havia, claro está uma boa influência de alimentos locais mas muito condicionado pelo gosto ocidental na pastelaria e docaria. Embora mais tarde, vim a perceber que os Turcos são muito gulosos...

Partindo ao que interessa, este pequeno almoço é mais simples e mais ligeiro. Talvez não seja o ideal para um dia em grande, mas é muito bom para um dia mais calmo em que a fome.

Aqui vai um iogurte natural (os iogurtes turcos são maravilhosos!!!) acompanhado com fruta cozida variada...

É muito fácil cozermos fruta e conservá-la em calda para irmos consumindo durante a semana. Tem uma durabilidade aceitável, permitindo que no decorrer da semana não tenhamos esse trabalho, sendo também uma óptima forma de conservação.

Aqui vai este pequeno almoço...


Em viagem de Lua de Mel para a Turquia e em plena experimentação da alimentação paleo, estava com receio de não conseguir continuar a minha alimentação fora de portas... A verdade é que descobri uma cozinha muito interessante e variada e com grandes possibilidades de permanecer numa dieta com menor incidência de cereais e hidratos de carbono, sem ter de tocar no glúten...

Por ser lua de mel ficamos num resort bem situado. Uma das grandes vantagens era termos comida à discrição, quer dizer, pequenos almoços, almoços e jantares, smoothies, etc for FREE!!! (basicamente, previamente pagos...)

Vou então dar um exemplo de pequeno almoço que consegui ter por lá, melhor ainda dos que tenho por casa...

Ovos mexidos com pimentos vermelhos, acompanhado com bróculos cozidos, courgette grelhada e salada de tomate, pepino e queijo de cabra.


Parece uma grande mistura, mas asseguro-vos que é muito bom. É claro que não é propriamente um pequeno almoço rápido e prático para um dia da semana. É sim uma boa alternativa para um pequeno almoço de fim-de-semana em que tenhamos tempo para degustar um pouco a nossa manhã.
Nem sempre as refeições devem ser feitas a correr, por vezes é bom tirarmos o nosso tempo para prepararmos com calma e serenidade aquilo que em breve nos irá nutrir e tratar.

Fica a sugestão....

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

A Medicina Tradicional Chinesa é milenar, integrativa e de aplicação transversal.

O conceitos presentes na Medicina Tradicional Chinesa estão relacionados com os ciclos naturais externos ao homem, considerando-se que estes também existem no interior do mesmo.

Por isso aquele que estuda a Medicina Tradicional Chinesa, acaba por aplicar estes conceitos às relações sociais, politicas ou económicas, as alterações meteriológicas, etc...

Qi - É um dos conceitos mais importantes e difíceis de explicar. Primeiro porque este conceito serve de base para todos os outros, difícil porque Qi é um conceito abstracto e por isso difícil de traduzir. Muitos traduzem como energia ou sopro. Se analizarmos o caractér (que também se alterou ao longo dos séculos) podemos perceber movimento e vapor. Por isso Qi está relacionado com algo que se move, algo que é morno ou quente. O caractér é também composto por arroz (é importante sobressair que o arroz era e ainda é o alimento de base do povo chinês, representando por isso o aspecto nutritivo de uma forma geral), temos entao movimento, vapor e arroz. Deduzimos que o vapor é o resultado do cozimento do arroz, temos agora mais indicações. Movimento, calor, nutricão e transformação. Na realidade Qi possui todas estas qualidades e está presente em tudo na natureza; no vento, no nascimento, na doença e na saúde, etc.

Yin/Yang - É o príncipio dual permite ao ser, através da comparação, determinar posições. Por exemplo, quando comparamos a noite com o dia, a noite é Yin e o dia Yang; quando comparamos o homem à mulher, o primeiro é Yang o segundo Yin, etc.

Os 5 elementos - Tradicionalmente considera-se que existem 5 elementos naturais que, interagindo, estão na origem do equilíbrio/desequilíbrio. A madeira, fogo, terra, metal e àgua, são os elementos. A agua gera o metal, o metal gera a madeira, a madeira gera o fogo, o fogo gera a terra e a terra gera o metal. Chama-se a esta relação o ciclo da geração. Existe outros ainda que aprofundam esta interdependência. No corpo humano estes ciclos ocorrem através dos orgãos (fogo - coração, madeira - fígado, terra - baço e pâncreas, etc)

Teoria dos meridianos - Os chineses defendem haver uma rede de canais por onde a energia circula e interage. Da mesma forma como na natureza existem rios, montes e vales, correntes de ar frio ou quente, no corpo também existem estes canais. Estes canais são a ponte entre o interior do corpo (orgãos, vísceras e tecidos do corpo) e o exterior.

Após explicar de forma sucinta os grandes príncipios que regem a Medicina Tradicional Chinesa, irei falar um pouco sobre a capacidade da Acupunctura. A Acupunctura é uma especialidade da Medicina Tradicional Chinesa que actua principalmente nos meridianos, sendo estes fundamentais para a sua pratica. Mais especificamente a acupunctura usa os tão conhecidos pontos de acupunctura, presentes nos meridianos. O acupunctor pode utilizar agulhas, moxa ou ventosas durante o tratamento. O seu objectivo é sempre o mesmo, regularizar a livre circulação de Qi.

O objectivo é claro e simples, difícil é apenas alcançá-lo

Existem por isso muitas sub teorias nos tratamentos da acupunctura. Um deles é precisamente o de tratar longe da região doente, pois se está doente não possui muita energia para mobilizar e curar... Este príncipio é muito interessante pois o acupunctor deve encontrar regiões no corpo que possam tratar o local doente.

Quando bem aplicado o tratamento os resultados são fantásticos, geralmente rápidos às vezes instantâneos.

Obter bons resultados é a maior ambição que qualquer profissional de saúde por ter, a maior felicidade. É verdadeiramente fantástica toda a a capacidade da Acupunctura e tudo o que esta permite ao ser Humano.

Um grande mistério permanece, como é que a Medicina Tradicional Chinesa evoluiu até este nível tão elevado, Uma medicina com mais de 2000 anos que permanece actual e que também continua a desafiar os profissionais para que obtenham o conhecimento suficiente para a poder utilizar na sua plenitude.